sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sou o triste fim do Jack

Sou o corpo morto do Jack.
Se eu pudesse explicar qual é a sensação de morrer, eu explicaria. Só sei que agora estou aqui, nesta maca gelada e mórbida da sala de autópsia do necrotério.
Sou o cadáver medroso do Jack.
Não fui muito com a cara desse legista, tem outro? Garçom por favor, uma dose de conhaque, pelo visto não me aplicarão anestesia.
Sou os órgãos expostos do Jack.
Minha mãe finalmente deve descobrir que eu era um puta de um fumante, vai descobrir que meu fígado já não estava tão bom por conta da bebida.
Sou o coração arrependido do Jack.
Me considero jovem para estar aqui. Não lembro bem como morri, mas foi de acidente. Menos mal para minha alma saber que não foi por conta do cigarro nem do álcool. Foi um acidente. Isso, um acidente.
Sou o sentimento de alívio do Jack.
Acho que já estou devidamente costurado. Será que já posso ver mamãe? Ou será o contrário? Será que mamãe já pode vir me ver? Não seria agradável, estou gelado, pálido, acidentado e devidamente costurado.
Não mamãe, não venha, não sofra.
Sou o corpo sendo velado do Jack.
Acho que aqui dou adeus ao corpo que um dia foi saudável, talvez na infância.
Sou a adolescência rebelde do Jack.
Estou partindo, não tenho mais tempo para prosas.
Sou a alma, perdoada de todo mal, do Jack.

sábado, 2 de julho de 2011

Eu e Você

Há algo mais amplo, mais surreal, mais fantasioso, mais espirituoso, mais incompreensível que simplesmente amor.
É algo maior que andar de mãos dadas ou até mesmo unir os corpos na cama. É algo maior até que almas gêmeas.
É algo maior que um piquenique ao anoitecer, é algo maior que pedalar pela orla numa tarde ensolarada.
É algo assim puro, lindo, como botões de rosas, gotícula de chuva na ponta do nariz. É o eu e você.