terça-feira, 19 de outubro de 2010

Enxurrada abandonada

Toda minha tristeza, decepção, raiva, o que mais estivesse de ruim em meu peito juntaram-se e escorreram pelos meus olhos como uma enxurrada de sentimentos comprimidos, que esmagavam meu coração, gritando por liberdade.
Chorei ali, sozinha, abandonada, sem ninguém para pegar uma lágrima na ponta
do dedo e dizer que vai passar e logo logo ficará tudo bem. Tive que pegar eu mesma, lágrima por lágrima e jogá-las em qualquer canto e sequer consegui pensar que ficará tudo bem.
Nada parece acontecer, se movimentar para me fazer me sentir menos sozinha.
Aqui só tem eu, meus sentimentos gritando liberdade e minhas lágrimas jogadas num canto como brinquedos que não quisemos mais brincar e esquecemos lá.
Continuarei aqui esperando por socorro. Nada se movimenta lá fora, aqui dentro nada se importa, nada respira mais.

Ordem na Desordem

O que há de normal no mundo?
Suicidas, loucos, palhaços, políticos...
Vejo Suicidas políticos palhaços loucos.
Vejo Loucos suicidas palhaços políticos.
Vejo Palhaços políticos loucos suicidas.
Vejos Políticos palhaços suicidas loucos.
E o resto do mundo finge não ver, mas eu vejo e tenho medo. Tenho medo também das pessoas que se fantasiam de suicidas, brincam de loucos, vestem-se de palhaços, mascaram-se de políticos.
E pior, todos acham normal, acomodaram-se fecharam os olhos. Disseram-me para fechá-los também, não os fecharei, quero arregalá-los ao assustar-me com tamanha desordem.
Ando diferente ao meio de tanta indiferença. Ando a buscar alguém diferente que nem eu. Alguém limpo, sem fantasias e de olhos arregalados. Por enquanto só vejo um mundo desordenado. Só procuro um, um ordenado.